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sexta-feira, 10 de abril de 2009

A ARTE DE VIVER EM PAZ

A ARTE DE VIVER EM PAZ (Pierre Weill)
Nunca estivemos tão perto da paz. Mas, ao mesmo tempo, jamais ela nos pareceu tão distante. Já podemos curar doenças que até bem pouco tempo atrás eram terrivelmente mortais. Das pranchetas dos cientistas brotam animais e plantas que a natureza não criou. Em laboratórios que fariam inveja a filmes de ficção científica, surgem robôs capazes de executar todo tipo de serviço, da faxina doméstica à pesquisa espacial. São olhos eletrônicos que espionam os confins do universo em busca de nossos eventuais parceiros distantes na aventura da vida. Médicos ousam substituir coração, rins e membros avariados, por órgãos biônicos criados em oficinas. Maravilhas. Ao olharmos em volta, porém, damos de cara com os terríveis subprodutos desse desenvolvimento: miséria, violência e medo. A humanidade atingiu o limiar de uma nova era e vive, agora, uma espécie de dor do crescimento. Deixamos de ser crianças, mas ainda não sabemos nos portar como gente grande. Acumulamos conhecimentos em quantidade. Mas, sem sabedoria para usá-los, podemos destruir-nos e ao mundo que habitamos. Felizmente, uma nova consciência está se estabelecendo no espírito de grande parte das pessoas. Ela inspira outra maneira de ver as coisas em ciência, filosofia, arte e religião.Somos os espectadores privilegiados e os atores principais de mais este ato da “comédia humana”. Trata-se de um momento de síntese, integração e globalização. Nesta fase, a humanidade é chamada a colar as partes que ela mesma separou nos cinco séculos em que se submeteu a ditadura da razão.Esse esforço começa a se fazer necessário porque a crise de fragmentação chegou a limites extremos e ameaça a sobrevivência de todas as formas de vida sobre a Terra. Dividimos arbitrariamente o mundo em territórios, pelos quais matamos e morremos. Já se produziram armas nucleares que poderiam destruir várias vezes o nosso planeta. A loucura e a competição são tão ferozes que ignoram o óbvio: não haverá uma segunda Terra para ser destruída, nem ninguém ou coisa alguma para acionar o gatilho atômico depois da primeira vez. Quebramos a unidade do conhecimento e distribuímos os pedaços entre os especialistas. Para os cientistas, demos a natureza; aos filósofos, a mente; aos artistas, o belo; aos teólogos, a alma.Não satisfeitos, fragmentamos a própria ciência, espalhando-a pelos domínios da matemática, da física, da química, da biologia, da medicina e de tantas outras disciplinas. O mesmo ocorreu com a filosofia, a arte e a religião, cada um desses ramos se subdividindo ao infinito.Como conseqüência, o mundo do saber tornou-se uma verdadeira “torre de babel”, onde os especialista falam cada qual a sua língua e ninguém se entende. A mais ameaçadora de todas as fragmentações, no entanto, foi a que dividiu os homens em corpo, emoção, razão e intuição, porque ela nos impede de raciocinar com o coração e de sentir com o cérebro.Autor da Teoria da Relatividade, o físico Albert Einstein demonstrou no início deste século que tudo no universo é formado pela mesma energia, do mesmo modo que, embora vistos como diferentes, o gelo e o vapor são em último caso apenas água. Desse modo, a fragmentação só existe no pensamento humano, cuja propriedade essencial é justamente a de classificar, dividir e fracionar, para, em seguida, estabelecer relações entre esses fragmentos. Recuperar a unidade perdida significa reconquistar a paz. Mas, desta vez, o inimigo a derrotar não é o estrangeiro. Ele mora dentro de nós. É a força que isola o homem racional de suas emoções e intuições.Foi a própria ciência moderna que começou a exigir o surgimento de uma nova consciência. Incapazes de responder às questões que eles mesmos formulavam, muitos físicos saíram em busca da psicologia, da religião e das mais importantes tradições da humanidade. Este encontro entre ciência moderna, os estudos transpessoais e as tradições espirituais constitui o que chamamos de visão holística. É importante que tenhamos uma clara noção dessa mudança de visão e das conseqüências que ela traz para a educação.
Esaú Araújo ymbiara@hotmail.com / ymbiara@yahoo.com

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